Os 8 Odiados: A Obra Mais Subestimada de Tarantino?

Quando Os 8 Odiados estreou em 2015, ele dividiu opiniões. Alguns o consideraram arrastado e excessivamente verborrágico, enquanto outros enxergaram ali um Tarantino mais maduro, testando os limites do cinema narrativo. Hoje, quase uma década depois, talvez seja hora de revisitar essa obra e entender por que ela pode ser, na verdade, um dos filmes mais ousados da carreira do diretor.

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4/10/20252 min read

Tarantino em sua forma mais teatral

Quentin Tarantino sempre foi conhecido por seus roteiros afi ados, e Os 8 Odiados é possivelmente o mais teatral de todos. O filme se passa quase inteiramente dentro de uma cabana isolada durante uma nevasca, onde oito personagens suspeitam uns dos outros e escondem intenções obscuras.

Um roteiro de tensão psicológica

A estrutura do filme se assemelha a de uma peça de teatro: poucos cenários, foco total nos diálogos e na construção da tensão. Tarantino brinca com o tempo, revelando informações aos poucos e sempre mantendo o espectador em alerta.

Diálogos como armas

Cada fala em Os 8 Odiados carrega intenções ocultas, agressividade e manipulação. O que poderia ser cansativo nas mãos de outro diretor, nas de Tarantino vira um verdadeiro duelo verbal.

O cenário como personagem

A cabana não é apenas o local onde tudo acontece – ela é parte do conflito. A tempestade de neve lá fora isola os personagens e obriga todos a conviverem em um clima de desconfiança e hostilidade crescente.

A fotografia em 70mm

Filmado em Ultra Panavision 70mm, Os 8 Odiados contrasta a grandiosidade técnica com a intimidade sufocante da narrativa. Cada enquadramento emoldura o caos iminente com uma beleza quase contraditória.

Trilha sonora de mestre

A trilha composta por Ennio Morricone, ganhadora do Oscar, é uma das grandes forças do filme. Climatiza a tensão com perfeição e reforça a atmosfera western que Tarantino homenageia e subverte.

Personagens ambíguos e atuações marcantes

Não há heróis em Os 8 Odiados. Todos os personagens têm passados duvidosos, e isso é usado com maestria para alimentar a suspeita constante.

Destaques do elenco

Samuel L. Jackson entrega uma atuação poderosa, enquanto Jennifer Jason Leigh rouba a cena como Daisy Domergue. Cada ator encontra um espaço para brilhar em um jogo de poder e sobrevivência.

Temas e subtextos

Mais do que um western de mistério, o filme discute temas profundos e incômodos.

Vingança, racismo e paranoia

Ambientado no pós-Guerra Civil dos EUA, Os 8 Odiados trata de um país dividido, onde a violência ainda era a linguagem dominante. Tarantino utiliza a desconfiança entre os personagens para explorar o racismo e as feridas não cicatrizadas da história americana.

A crítica à ideia de justiça

Em nenhum momento o filme oferece uma visão romântica da justiça. Ao contrário: ela é retratada como subjetiva, brutal e muitas vezes equivocada.

Conclusão

Os 8 Odiados não é um filme fácil. Ele exige paciência, atenção e abertura para o desconforto. Mas é justamente por isso que ele merece ser revisto. Tarantino nos entrega aqui uma obra densa, claustrofóbica e provocadora, que talvez só agora esteja sendo compreendida em sua totalidade.

E você? Já reassistiu Os 8 Odiados? Concorda que é uma das obras mais injustiçadas de Tarantino? Deixe sua opinião nos comentários!